No setor da estética, a qualidade do serviço prestado depende diretamente da formação do profissional. Nos últimos anos, os cursos online tornaram-se populares, oferecendo flexibilidade e acesso facilitado a conteúdos teóricos. No entanto, quando se trata da execução de procedimentos corporais, faciais e de pedicure, nada substitui a experiência prática em modelos reais.
A formação presencial é um requisito fundamental para qualquer profissional que deseje atuar com segurança, precisão e excelência. Nenhuma pessoa deveria executar procedimentos estéticos sem antes treinar sob supervisão direta e com modelos reais. A ciência comprova que a prática experiencial é a chave para o desenvolvimento das competências necessárias nesta área.
1. O Desenvolvimento da Sensibilidade Tátil
A estética não é apenas conhecimento teórico – é também uma arte que exige habilidade manual, precisão e sensibilidade ao toque. Estudos na área da neurociência aplicada à aprendizagem indicam que o treino prático ativa áreas cerebrais responsáveis pelo desenvolvimento da memória motora e da destreza manual (Ericsson, 2018). O contacto direto com diferentes tipos de pele e unhas permite ao profissional aprender a adaptar a sua técnica a cada caso específico.
Investigadores demonstram que a aprendizagem sensorial, quando associada à prática presencial, resulta em melhor retenção do conhecimento e desenvolvimento motor mais eficaz (Lajoie, 2020). Isso significa que a experiência prática leva a um maior domínio das técnicas e maior confiança na execução dos tratamentos.
2. Resolução de Problemas em Tempo Real
Cada cliente é único e reage de forma diferente aos tratamentos. Saber avaliar a pele, adaptar um protocolo e reagir a imprevistos são competências adquiridas apenas através da prática supervisionada.
O modelo de Aprendizagem Experiencial de Kolb (2015) demonstra que a teoria só se converte em competência real quando aplicada na prática. Este método reforça que a aprendizagem efetiva ocorre através de um ciclo de experiência concreta, observação reflexiva, conceptualização abstrata e experimentação ativa. Nos cursos online, grande parte desse ciclo fica incompleta, comprometendo a capacidade do profissional de resolver desafios práticos.
3. Segurança e Prevenção de Complicações
Erros em procedimentos estéticos podem resultar em queimaduras, infeções e outras complicações que comprometem a saúde do cliente. Segundo a Journal of Dermatological Treatment (2020), a prática supervisionada reduz significativamente o risco de reações adversas, uma vez que permite corrigir erros antes que o profissional atue de forma autónoma.
A correta manipulação dos instrumentos, a identificação de contraindicações e a aplicação de protocolos de higiene e biossegurança são aspetos críticos que só podem ser garantidos com treino prático adequado (Smith & Jones, 2021). Estudos comprovam que a falta de experiência prática aumenta a incidência de complicações dermatológicas, o que reforça a necessidade de formações presenciais supervisionadas.
4. Confiança e Profissionalismo
Nenhum profissional deve tocar na pele de um cliente sem antes ter treinado em modelos reais. A confiança e a destreza só se desenvolvem através da repetição prática, da supervisão e do feedback imediato.
A Journal of Experiential Education (2019) analisou a relação entre a prática supervisionada e a autoconfiança dos profissionais. Os resultados indicaram que aqueles que passaram por treino prático demonstraram maior autonomia e precisão técnica em comparação com aqueles que receberam apenas instrução teórica.
A confiança do profissional reflete-se diretamente na experiência do cliente. Um estudo de Gupta et al. (2022) demonstrou que clientes atendidos por esteticistas com treino presencial relataram maior satisfação, devido à segurança e profissionalismo demonstrados durante os tratamentos.
5. Oportunidade de Aprendizagem Colaborativa
Ao contrário dos cursos online, a formação presencial proporciona um ambiente de aprendizagem dinâmico, onde os alunos interagem entre si e com os formadores. Observar diferentes técnicas, discutir casos reais e receber correção em tempo real são fatores determinantes para o sucesso profissional.
Além disso, o networking criado durante a formação pode abrir portas para novas oportunidades de trabalho e especializações. Estudos mostram que profissionais que participam de formações práticas têm maiores probabilidades de estabelecer conexões profissionais e encontrar melhores oportunidades no mercado de trabalho (Billett, 2016).
Conclusão
A formação presencial não é apenas uma vantagem – é uma necessidade para qualquer profissional que pretenda oferecer um serviço de excelência. Nenhum vídeo ou simulação virtual pode substituir a experiência de sentir a textura da pele, ajustar a pressão de uma massagem ou avaliar a resposta do cliente a um tratamento.
Na nossa academia, valorizamos a prática supervisionada como parte essencial do processo de aprendizagem. Investir numa formação presencial de qualidade é o primeiro passo para garantir um futuro promissor na área da estética.
Referências Bibliográficas
- Billett, S. (2016). Learning through practice: Models, traditions, orientations and approaches. Springer.
- Ericsson, K. A. (2018). The influence of experience and deliberate practice on the development of superior expert performance. Cambridge University Press.
- Gupta, R., Sharma, S., & Patel, D. (2022). Client satisfaction and professional confidence in aesthetic treatments: A comparative study of trained and untrained practitioners. Aesthetic Medicine Journal, 7(2), 45-58.
- Kolb, D. A. (2015). Experiential Learning: Experience as the Source of Learning and Development. Prentice Hall.
- Lajoie, S. P. (2020). Learning through observation and practice: Cognitive and motor skill acquisition in professional education. Journal of Applied Cognitive Psychology, 34(1), 29-44.
- Smith, J., & Jones, M. (2021). Safety and risk assessment in aesthetic procedures: The importance of hands-on training. Journal of Dermatological Treatment, 32(4), 215-223.